Um aviso antes de mais nada: este talvez seja o texto com menos linearidade (e mais pessoal) que já escrevi. Vai parecer um texto para meu diário - como se tivesse um. Mas fique e acompanhe o(s) raciocício(s) - vai valer a pena (assim espero!).
Eu terminei (maratonei) Morrendo por Sexo, no Disney +.
Se você não faz ideia do que estou falando, aqui está uma amostra:
São 8 episódios, 30 minutos cada. A história é sobre Molly: ela descobre que seu câncer voltou e desse vez, estágio 4, terminal. Então, decide explorar mundos que nunca explorou. Mas sinceramente, a série - pelo menos para mim - retratou muito mais coisa, sexo sendo uma das menos importantes (mas também importante).
Engraçado foi que, recentemente, conversei com meu namorado justamente sobre isso: tesão. Não o sexual, o de vida mesmo.
A conversa foi sobre como às vezes entramos no automático, começamos a fazer coisas que nem queremos muito e depois de muito tempo investido naquilo, simplesmente fica difícil sair. Mas aí, onde foi parar o tesão?
Só sei que, eu Ju, não quero ser a pessoa que espera ansiosamente a sexta-feira chegar (até porque no meu caso, os Sábados significam trabalho e não descanso! haha). Não quero pensar em temas como trabalho, relacionamentos e dia a dia sem falar com empolgação, sem brilho.
Às vezes me pergunto se isso não é uma forma muito romântica de ver as coisas - e talvez seja mesmo.
Desde muito nova, desde quando entrei na adolescência até o final dela, sempre pensei na minha independência. Liberdade - até hoje - é um dos meus valores inegociáveis.
“O que você quer quando fizer 18 anos?”
- Quero morar sozinha, ter meu trabalho, meu apartamento, ser independente.
Não quero depender dos meus pais.
Me lembro de responder isso a uma professora do curso técnico de Design de Móveis. (Durante meu ensino médio tinha as aulas de manhã na escola e à tarde ia para o curso técnico) Silvana era minha professora de Marketing. Uma das primeiras dinâmicas que ela fez com a gente foi nos colocar lá na frente e cada um falava sobre o seu sonho “para quando fizesse 18 anos".
Desde pequena sempre gostei de explorar o mundo.
Me lembro do meu pai também falando sobre o quanto ele gostaria de ter um motorhome, sair viajando por aí, estacionando e vivendo um tempo em vários lugares. Mas…
…esta vontade do meu pai nunca aconteceu.
Me lembro dele falar sobre tantos sonhos, tantas ideias que nunca saíam dos seus rascunhos e no fim das contas, ele, o único homem da família (de muitas irmãs) “precisou” ficar para cuidar. Num primeiro momento, meu avô. Depois, minha avó. Na sequência, minha tia avó (irmã da minha avó). E então, minha tia mais velha, Luiza. Eu sempre escutei: “Queremos muito fazer tal coisa mas agora, precisamos esperar sua (coloque o nome que preferir) melhorar.”
Depois que tia Luiza faleceu, a “pessoa da vez” era a minha avó materna - com Alzheimer. Minha avó faleceu, veio o COVID, perdi 2 tias no auge da pandemia e então, minha segunda tia mais velha, Leny, ocupou este lugar.
Tia Leny é uma das mulheres mais fortes que eu conheço - ou pelo menos, era.
Nos últimos anos, apesar de continuar viva, a idade já não a permite fazer muito mais coisas. Mas desde que me entendo por gente ela, junto com minha tia falecida Luiza, sustentou a casa e todas as irmãs mais novas (mais o meu pai). Tia Leny trabalhava como coordenadora de escola, se formou em Pedagogia. Viajou muito. Ficou solteira, nunca casou. Hoje, ela continua muito bem viva, só um pouco menos disposta do que era anos atrás.
Falei com minha mãe no telefone hoje e ela comentou de outra tia, Sandra (irmã dela). Contou que foi na psicóloga e na médica com ela, tia Sandra também está com (princípio de) Alzheimer.
Tinha acabado de ver Morrendo por Sexo e estava com a conversa que tive com Lucas na cabeça quando escutei minha mãe contando. Na hora, pensei: “Agora, é a Tia Sandra então.” Passou um filme pela cabeça: de tudo o que eu já escutei que eles queriam fazer para tudo o que de fato aconteceu - e ainda acontece.
Olhei em volta, vi meu apartamento aqui em São Paulo, me lembrei de todas as muitas viagens que já fiz, todas as conexões especiais que surgiram ao longo dos últimos anos justamente por eu me abrir à elas e pensei: “Ainda bem que eu saí.”
Sabe, sair tem um custo.
Bem alto.
No meu caso, sair foi não só uma mudança geográfica mas também foi bater no peito, ter a coragem de viver da forma como sou e acredito. Não da forma como me foi ensinada ou como gostariam que eu vivesse. Era me colocar no mundo e saber que, a partir desse momento, teriam consequências. E sérias.
Eu falei que este seria o texto mais pessoal que já escrevi até hoje, né? Então lá vai: sair me fez perder pessoas muito importantes, inclusive meus próprios pais. Hoje, por mais contraditório que pareça porque ali em cima escrevi que falei com minha mãe, meus pais não tem mais contato comigo. Por crenças religiosas que os fazem acreditar que meu caminho escolhido é errado, eles escolheram romper o contato (eu sei, não é uma escolha 100% deles. É mais uma escolha que eles acreditam ser a certa baseada na fé que têm).
Com minha mãe, falo beem pontualmente. Talvez 1 vez a cada 2 meses? Não sei. Mas sempre é quando algo precisa ser dito - tipo hoje, que ela precisava me pedir para assinar um documento então, aproveitei para saber notícias de todo mundo e fiquei sabendo da tia Sandra. Mas normalmente a conversa é algo do tipo:
- Oi, tudo bem?
- Ei mãezinha, está tudo bem aqui e por aí?
- Tudo bem também. Ok. Bjs.
Com meu pai, sei lá. Acho que a última vez que falei com ele foi ano passado quando coincidiu de eu estar em Roma e eles também, estava viajando para fora do Brasil pela primeira vez com meu irmão, em Setembro. Depois disso, nunca mais.
Sair teve um custo.
Exigiu coragem.
Mas olhando para trás (também em volta), apesar das dificuldades e faltas que continuarão existindo, não me arrependo.
Deus me livre de ser a pessoa que espera o final de semana chegar ansiosamente porque isso vai significar não trabalhar. Quero ser a pessoa que fica feliz com Segundas, vê prazer no dia a dia, mesmo que esse dia a dia contenha muitas coisas comuns, ordinárias e repetitivas. Quero ser a pessoa que sempre - sempre mesmo - vai se emocionar ao ver pássaros voando no céu, pores do sol laranja ou ao deitar na cama quentinha e gostosa. Quero continuar acreditando nas pessoas mesmo olhando em volta e vendo tanto coisa ruim.
E principalmente, não quero esperar descobrir um Alzheimer ou câncer estágio 4 para ter esse tipo de forma de encarar a vida.
Quero isso hoje, agora.
Recentemente, terminei a leva das 6 mentorias individuais que dei.
Foram 6 (7, na verdade porque tinha um casal no meio haha) pessoas incríveis e o denominador mais comum era a pergunta que eu sempre fazia: “O que te faz brilhar?”
E quando pergunto isso, me refiro não só às suas próprias habilidades (profissionais ou não). Pergunto sobre o que te dá tesão na vida mesmo: do que você gosta? Ou o que você sempre gostou mas ao longo do caminho, se perdeu?
Talvez dê para acessar de novo, talvez dê para juntar isso com uma parte do seu trabalho, talvez seja só um novo antigo hobby para retomar que vai te ajudar a viver um pouco melhor nesse mundo caótico.
O que te dá tesão?
Por aqui continuo pensando nessa pergunta e com a certeza ainda maior do quanto quero desde já, hoje, agora, viver uma vida com brilho.
Deus me livre ser uma das muitas mulheres que nunca vivenciaram um orgasmo na vida (até porque, nessa altura do campeonato tarde demais pra isso amém haha). Que venham muitos e muitos orgasmos sensoriais, físicos, visuais, auditivos… De todos os tipos que possa vivenciar.
A vida é muito incrível para ser vivida sem tesão.
~
Não posso ir embora sem antes compartilhar com você o vídeo que mais me emocionou esta semana:
Nesses últimos dias, eu e Lucas estávamos no Chile, em uma casinha no meio do nada, de frente pro mar, com uma das vistas mais fodas que já vi. Acordar com essa vista naqueles dias me fez pensar muito em tudo o que acabei de escrever.
Espero que algo aqui tenha te tocado de alguma forma.
Que você continue vivendo sua vida com o máximo de tesão que puder!
Beijos,
Ju
Faz tempo que não compartilho os últimos acontecimentos por aqui mas lancei minha masterclass de direção de pessoas, a Direção Sensível:
E também, disponibilizei 3 packs de presets: Pack Color, Pack Preto & Branco e Pack Film. Você também consegue ter acesso ao Pack Completo.
E claro, o Sensibilidade & Olhar continua firme e forte (e eu já tive TANTOS feedbacks incríveis dele, que dá muito orgulho):
No próximo mês, abro novamente vagas para minha mentoria individual, a Olhar Guiado. As mentorias que finalizei foram incríveis, cada uma da forma como deveria ser, estou amando muito conhecer e ajudar profissionais tão talentosos e terem mais clareza dos próximos passos. Caso queira aplicar, acesse aqui.
Ju, mais uma vez me tocando profundamente.
inspirador sem ser óbvio, amei ler. tocou aqui!